As fotografias de Interferências no Metrô foram produzidas em 1999, em diversas estações da linha metroviária de São Paulo, ao final do dia. As imagens analógicas (em filme 35 mm, P&B) sofreram alterações durante o processo de revelação em laboratório caseiro para que o resultado apresentasse rasuras. A redução no tempo de ação do líquido interruptor e no tempo de lavagem dos negativos, bem como o manuseio pouco cuidadoso da espiral na qual foram enrolados, provocaram fissuras e manchas nas matrizes fotográficas, visíveis nas imagens posteriormente ampliadas. À época da produção das fotografias, a CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) proibia a realização de fotos no metrô paulistano.
A palavra ¨interferências¨ no título da série faz alusão às alteração nas normas do processo de revelação fotográfico e, consequenemente, no resultado estético decorrente deste processo. O termo refere-se também à interferência nas normas da companhia de trens.
Tanto a falta de foco como a presença de vultos indefinidos e demais interferências estorvam, como o barulho dos trens. Sem os ruídos, a fotografia do ambiente subterrâneo do metrô seria muito silenciosa. Além disso, elementos como os vultos, os brilhos metálicos e a indefinição conversam com o cansaço, a impessoalidade e a frieza inerentes à jornada de volta para casa, à vida urbana em geral, e à burocracia da CPTM.